razão da equação

Queria saber física. matemática. culinária. paciência. e aonde eu errei?

… só queria dormir menos. ou não acordar mais. dormir pra quê? ser. contar. correr. estudar. entender. pra quê?
O telefone desiste de tocar. eu insito em arriscar. hesitar. desesperar. telefonar. e preciso dormir.

números.

Tenho pressa, preguiça. um livro de poesias, o resto de um chocolate meio-amargo, meias coloridas, 5 pássaros na jenala, dois irmãos, mais de mil santinhos políticos, e um psicólogo que chora. Tenho um chaveiro de vaca, que vive se perdendo, 8 horas pra dormir, mania de enrolar o dedo no cabelo. café sem doce, hora pra acordar, e 3 compromissos inadiáveis.
Tenho 23 anos, e um coração que quase pára, e dispara.

Dane-se o que eu não devo, o que eu não posso, jesus cristo pendurado na parede, a música, o refrão, a loucura, refletida, os espelhos, e rostos, conselhos. Dane-se o oceano, o frio, as ruas, os  limites, livros, auto-ajuda, a campainha, os heróis, o gosto, do gasto, o desgosto, o título de leitor, as mãos, a cidade, todos aqueles bares, sanidade. Que se exploda o mundo, com seus outdors, e mortos, gaiolas, aspirinas, microondas, as bombas, em banheiros, e escolas. Já não importam.

Eu, você, e o resto.

cores.

Gosto da alegria doída, das luzes fracas, roupas brancas, saudades vermelhas, janelas azuis, tristezas com café, saias coloridas, relógios parados, sorrisos excrachados, cantigas de roda, chuva com arco íris, telefone de madrugada, piada sem graça, comida da minha avó, chocolate preto, andar a pé. história pra dormir, frio pra acordar.

passo.

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foto: Júlia Meireles

passo.
contrato.
retrato.
compasso.
1:10 am.

pressa.
passa.

preguiça.
missa.
domingo.

segunda-feira.
telefene.

medo.
meio.
peito.
maio. 22.

pressa.
passo.

Os dias frios me doem.

Meu frágil gosto pelas bebidas mais quentes, os livros mais infamames, as loucuras mais doces, os doces mais frágeis.

e me doem tanto… as músicas mais fortes, os dias mais longos, o ônibus lotado, as crianças na calçada. a fila da padaria. o que eu penso. aonde eu morro. quanto tempo faz?
A blusa do meu time, suja. as poesias, borradas. os livros, inúteis. o maleta, fechado. a calça, arrastando. o termômetro, 15º.

A sua rua. o meu café. seu baralho. minha velhice.
o vento gelado na nuca. todas aquelas músicas. e lugares. e filmes… e filas de padaria.
eu já não sei… se sinto o frio.

cansei de ser deus.

Reza baixinho. baixinho… por  favor, baixinho…
porque tua prece, pesa meu peito. porque teu sermão nunca teve sentido. porque tua voz ecoa na minha cabeça, e deixo de ser eu, pra ser você. Por quê? eu ponho a mão na cabeça. e desentendo.

Porque eu respondo, mas você não pergunta. te escrevo, descrevo, esqueço. retrocedo. enlouqueço.

com ou sem Fidel, meu copo de cuba libre, não ouve tua reza.
nem vive.

Clarissa

Adoro quando ela ajeita os óculos, e olha por cima, com cara de sapeca, ameçando os advserários do carteado, ou com as mãos na cintura, fazendo cara de quem não gosta de bagunça.

Adoro quando eu odeio que ela me grita meia noite, só pra dizer “me cobre”.
Quando me dá a mão pra atravessar a rua, com cara de irmã mais velha. Se acha. e eu lembro de quando ela era só uma barriga.

Quando ela sabe que eu não sei mentir, eu rio do riso dela, quando eu choro do pranto dela, se ela dói, eu doo alma, quando é axé, ela se sacode.

ensinei a ler, a cair da árvore mais alta.
a levantar, a ter pressa.
responsabilidade, num sei não.
Deixo ela brincar de irmã mais velha as vezes…

…e ela chora vendo novela.