Fechei o livro. apaguei a luz, e ainda me iluminavam feixes vindos do poste, que atravessavam sem dificuldade a janela de vidro. Pensei em fechar as cortinas… mas gosto de postes. então esqueci.
O que antes era uma pequena garoa, agora se transformara em uma puta chuva. um chuvão!… desses bons pra soltar barquinho de papel nas poças do dia seguinte. Me virei pro lado da parede, e concluí que ainda faltavam algumas horas até que o sol nascesse. Mas a chuva não parecia se importar com isso.
Enquanto as gotas escorrem apressadas pela janela, a luz enfraquece, o quarto esfria.
é tarde. mas não sei quanto.
sono. não durmo.
medo. não rezo.
Embaraço-me entre cobertores e devaneios. O barulho da chuva se confunde com minha respiração agoniada. Os pés se esfregam na tentativa de se pronunciarem. A chuva aumenta. pulsação aumenta. aflição irrita. de agonia grita.
Então me vi ali… com frio. descalça. em pé. o rosto sombreado pela correnteza horizontal que inundava a janela, agora lavava meus olhos. Fechei-os com força. E chovi. Não por estar triste. nem feliz. só por fingir ser forte o tempo todo.